segunda-feira, abril 09, 2012

Construções de 600 casas estão paralisadas por falta de recursos. Quebradeira e desemprego no setor da construção civil

Jairo Carioca,
da redação de ac24horas
jscarioca@globo.com
A pilha de irregularidades apontadas por empresários do setor de construção civil em Rio Branco mostra porque uma das mais importantes secretarias do atual governo, a de habitação, já teve quatro secretários em menos de dois anos. Por trás dessa dança de cadeiras, existe uma quebradeira de pelo menos 50 pequenos empresários e a demissão de centenas de trabalhadores na desaquecida indústria da construção civil. São mais de 600 unidades habitacionais paralisadas. Mais de R$ 15 milhões, incluindo recursos de infraestrutura repassados pelo BNDES, estão em jogo. No residencial Andirá, um dos contratos firmados com a empresa Z. L. Construções está estagnado. O projeto é uma parceria entre o governo federal [programa Minha Casa, Minha Vida] e o governo do Acre [Projeto especial de superação da pobreza em áreas urbanas e rurais – modelo PSH].
Entre as irregularidades apontadas estão à contratação de obras sem o título de propriedade do terreno, ordem de serviço autorizada sem o financeiro e a não readequação dos projetos. Procurado, o novo secretário de habitação evitou falar sobre o assunto. Na caixa, segundo o ac24horas apurou, todos os processos estão na mesa do novo superintendente. O Ministério das Cidades deixou de enviar recursos para o programa no Acre. A maior parte dos projetos foi assinada pelo ex-secretário Gilberto Siqueira [governo Binho] e Wolvenar Camargo Filho. Mesmo com tantas irregularidades, empresas foram incentivadas a fazer empréstimos e receberam, ainda, termos aditivos das obras.
O mapa do abandono começa pelo residencial Andirá, erguido próximo ao Conjunto Xavier Maia. O mato toma de conta de 450 unidades habitacionais no pacote de obras fechado pelo governo com mais de cinco empresas. O único que aceitou gravar entrevistas foi o empresário Josias Januário da Silva. Disposto a rescindir todos os seus contratos com o governo, o empreiteiro disse que cansou de ser empurrado com a barriga. Ele acumula prejuízos orçados em mais de R$ 1,5 milhão.
- Quando entrei neste negócio do governo tinha meio milhão em caixa. Eles me incentivaram a fazer um empréstimo de R$ 500 mil na Caixa e não me pagaram. As obras que eram para durar 6 meses já passam de dois anos e meio. Estou devendo, com trabalhador batendo a minha porta. Não quero mais negócios com esse governo – garantiu o empresário.
Januário garante que assim como ele, mais de cinqüenta pequenas empresas do setor de construção civil quebraram. Além do mato, as unidades erguidas estão sendo depredadas por vândalos. Portas, janelas, conexões hidráulicas e elétricas estão sendo furtadas.
- Com o calote, não tenho como manter nem vigias nas obras. Estou com processos na Justiça do Trabalho, não sei a quem recorrer. Estou me humilhando para esse governo pelo menos rescindir o contrato – apelou Januário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário